Um dos estados onde a Frente Negra se estabeleceu foi na Bahia (Azevedo, 1996; Bacelar, 1996). Precedida pelas irmandades e associações operárias e beneficentes, “ela não tinha”, segundo Thales de Azevedo, “a finalidade expressa de defesa das pessoas de cor contra os preconceitos raciais” (Azevedo, 1996, p. 57); preocupava-se com a integração dos negros à sociedade.
Marcos Rodrigues dos Santos, um dos fundadores da Frente Negra em São Paulo, foi o fundador da Frente Negra Baiana (Bacelas, 1996, p. 75). Seus quadros eram formados por pretos e mestiços pobres; neles não constavam os negros de situação estável, porque estes não foram excluídos do mundo do trabalho pelos imigrantes, como ocorreu em São Paulo, onde os negros dessa classe, impedidos de ascensão, participavam ativamente da Frente (Bacelar, 1996). “A Frente Negra Baiana também via a educação como via de mobilidade, ascensão e integração social, por isso ministrou cursos de alfabetização noturnos, cursos primários, de música, de datilografia e de línguas” (Bacelar, 1996, p. 76). Angariava fundos através de sessões e festas beneficentes. Preocupava-se com a mulher negra e sua imagem e instituiu o quadro social feminino, para agregar as mulheres negras.
Ações da “Frente Negra Baiana”:
A “Frente Negra Baiana” promovia conferências, como “O negro bahiano”, “A família e a alphabetização” e publicava um semanário, divulgando e defendendo a Frente, Mediava as intervenções no mercado de trabalho e instalou uma agência de empregos, para onde empregador e empregados poderiam se dirigir.
No campo político, realizou comícios no Largo Dois de Julho, na Fazenda Garcia, no Largo do Tanque, nas Sete Portas, na Baixa de Quintas e nas Docas, focalizando a alfabetização e a liberdade de voto.
No dia 13 de Maio a frente reverenciava os abolicionistas Castro Alves, José do Patrocínio, Luís Gama e os “batalhadores da causa negra” do presente século. Frentenegros iam em romaria aos túmulos dos professores Maxwel Porphirio, Sacendino dos Anjos e Manoel Querino, para depositar flores naturais. Maxwel Porphirio de Assunpção era advogado. Fez um protesto através da imprensa, contra o projeto apresentado à Câmara Federal pelo deputado Lincinato Braga, proibindo a imigração negra para o Brasil12. Ascendino dos Anjos foi um líder negro, funcionário da Escola Politécnica da Bahia. Manoel Querino foi abolicionista, político, jornalista e professor, um dos precursores da antropologia brasileira e militante da causa negra no Brasil (Bacelar, 1996).
As reações da imprensa à “Frente Negra Baiana”:
A “Frente Negra Baiana”, desagregou-se sob o peso do mito da “democracia racial”, recém instaurado e muito forte na época e das reações da imprensa local, que via como “uma novidade para a Bahia a notícia de que os homens de cor, para os quais não se fazem distinção, tanto que os há em todos os cargos e postos, vão se congregar” (Azevedo, 1996, p. 157). A imprensa negava a existência do racismo e alegava que a Frente tinha influências comunistas, fato que se repetiu várias décadas depois, em 1974, quando do surgimento do bloco Afro Ilê Aiyê, em Salvador. Segundo Bacelar (1996, p. 83), “os discursos e as práticas do projeto hegemônico, o “mito da baianidade”, foram mais eficazes que a ação repressiva direta”.
Por outro lado, a Frente foi importante, entre outras razões, porque ajudou a desmontar o mito da igualdade racial, uma vez que “a discriminação existia, independente do gradiente de cor e de classe social a que os negros pertenciam, bem como o mito da integração, pela dificuldade do branco em conviver e respeitar o negro em pé de igualdade de condições” (Bacelar, 1996, p. 196).
12 Jornal A Tarde de 08/08/1921, apud Bacelar, 1996)
Marcos Rodrigues dos Santos, um dos fundadores da Frente Negra em São Paulo, foi o fundador da Frente Negra Baiana (Bacelas, 1996, p. 75). Seus quadros eram formados por pretos e mestiços pobres; neles não constavam os negros de situação estável, porque estes não foram excluídos do mundo do trabalho pelos imigrantes, como ocorreu em São Paulo, onde os negros dessa classe, impedidos de ascensão, participavam ativamente da Frente (Bacelar, 1996). “A Frente Negra Baiana também via a educação como via de mobilidade, ascensão e integração social, por isso ministrou cursos de alfabetização noturnos, cursos primários, de música, de datilografia e de línguas” (Bacelar, 1996, p. 76). Angariava fundos através de sessões e festas beneficentes. Preocupava-se com a mulher negra e sua imagem e instituiu o quadro social feminino, para agregar as mulheres negras.
Ações da “Frente Negra Baiana”:
A “Frente Negra Baiana” promovia conferências, como “O negro bahiano”, “A família e a alphabetização” e publicava um semanário, divulgando e defendendo a Frente, Mediava as intervenções no mercado de trabalho e instalou uma agência de empregos, para onde empregador e empregados poderiam se dirigir.
No campo político, realizou comícios no Largo Dois de Julho, na Fazenda Garcia, no Largo do Tanque, nas Sete Portas, na Baixa de Quintas e nas Docas, focalizando a alfabetização e a liberdade de voto.
No dia 13 de Maio a frente reverenciava os abolicionistas Castro Alves, José do Patrocínio, Luís Gama e os “batalhadores da causa negra” do presente século. Frentenegros iam em romaria aos túmulos dos professores Maxwel Porphirio, Sacendino dos Anjos e Manoel Querino, para depositar flores naturais. Maxwel Porphirio de Assunpção era advogado. Fez um protesto através da imprensa, contra o projeto apresentado à Câmara Federal pelo deputado Lincinato Braga, proibindo a imigração negra para o Brasil12. Ascendino dos Anjos foi um líder negro, funcionário da Escola Politécnica da Bahia. Manoel Querino foi abolicionista, político, jornalista e professor, um dos precursores da antropologia brasileira e militante da causa negra no Brasil (Bacelar, 1996).
As reações da imprensa à “Frente Negra Baiana”:
A “Frente Negra Baiana”, desagregou-se sob o peso do mito da “democracia racial”, recém instaurado e muito forte na época e das reações da imprensa local, que via como “uma novidade para a Bahia a notícia de que os homens de cor, para os quais não se fazem distinção, tanto que os há em todos os cargos e postos, vão se congregar” (Azevedo, 1996, p. 157). A imprensa negava a existência do racismo e alegava que a Frente tinha influências comunistas, fato que se repetiu várias décadas depois, em 1974, quando do surgimento do bloco Afro Ilê Aiyê, em Salvador. Segundo Bacelar (1996, p. 83), “os discursos e as práticas do projeto hegemônico, o “mito da baianidade”, foram mais eficazes que a ação repressiva direta”.
Por outro lado, a Frente foi importante, entre outras razões, porque ajudou a desmontar o mito da igualdade racial, uma vez que “a discriminação existia, independente do gradiente de cor e de classe social a que os negros pertenciam, bem como o mito da integração, pela dificuldade do branco em conviver e respeitar o negro em pé de igualdade de condições” (Bacelar, 1996, p. 196).
12 Jornal A Tarde de 08/08/1921, apud Bacelar, 1996)
Ana Célia da Silva - Professora adjunta do DEPED/Campus I e militante do M.N.
obrigado pelo texto
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