domingo, 23 de agosto de 2009

Questão de identidade

Assumir ou ter identidade parece uma nova moda atualmente, pelo menos para os desatentos. Porém, a discussão é uma da conquistas da luta dos movimentos negros que, sem pegar em armas, vêm lutando contra um racismo velado. Neste país que mata negros ninguém é assumidamente racista.
Numa peleja incansável, galgamos alguns degraus, já que hoje a existência de uma revista, como a Raça Brasil, com um conteúdo feminino e de comportamento, é comprovação de que nós consumimos, produzimos. E como tal podemos embelezar a capa.
Em outras esferas, o negro vem conquistando e assegurando seu espaço na política com candidaturas de vereadores (as), deputados (as), e etc.
No meio acadêmico com a lei 10.639 colocando algumas mudanças no pensamento de professores e alunos, mesmo que esta lei não tenha sido aplicada, e até em meios onde o estereótipo é um dos maiores desafios como nas artes: televisão, teatro e música, o trabalho agora é o de quebra as barreiras e vencer a titulações como cantor negro, atriz negra, assim poderemos conquistar a justiça e igualdade. Percebo como nova militante do movimento negro que é vital aparecer em todos os espaços possíveis e exigir não apenas tolerância, mais respeito.

Entendendo que é de grande importância a luta permanente e que as conquistas citadas são poucas em comparação ao sistema racista aí estabelecido, com obstáculos tão difíceis colocados para nós.
Neste país que mata negros, só por parecer suspeito. Nesta cidade onde se premia o cliente negro com monitoramento assim que o mesmo adentra um estabelecimento.
A identidade é ponto crucial, independente de assumir as tranças e o fenótipo o assumir da negritude se dá também através consciência de seus direitos e deveres da exigência de respeito e igualdade considerando que ser diferente não implica em ser menor ou cidadão de segunda classe.
Identidade é então a composição no só de cultura e tradições de um povo e a marca de que sem conhecimento de si próprio, um povo pode ser usado e destruído.
Acredito na educação e no combate intermitente ao racismo um em colaboração ao outro para a mudança do sistema atual, pois estando ciente de como se encontram as leis e vendo de várias perspectivas como foi e é tratado o negro, saberemos tanto manter como alcançar mais espaços e direitos.

Elque dos Santos - Graduada em Letras Vernáculas pela UNIJORGE, Arte-educadora e militante.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto querida Elque dos Santos!!! Iniciei minha caminhada agora como militante do movimento negro e sei que teremos muito trabalho pela frente. Desejo manter contatos. Abraços grandes

    Ana Paula dos Santos Trindade

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