Fico intrigado e até irritado quando insinuam ou dizem que nós somos preguiçosos. Jamais! Baiano rala muito!
Historicamente somos um povo que muito lutou e ainda luta para viver, conviver e sobreviver, em meio a tantas dificuldades.
Nossos antepassados foram tirados de seus lares e de suas práticas, sem nem terem a opinião solicitada. Foram obrigados a trabalhar de forma escrava, não sendo nem considerados como gente. Com um fardo tão pesado, não precisavam praticar exercícios físicos para a definição muscular ou ter uma pessoa que os acompanhasse para a manutenção dos corpinhos sarados; já puxavam ferro suficiente para manter a boa forma, além de ter um feitor à escolta para sempre lembrá-los, violentamente, da condição subumana a que eram submetidos.
A idéia sulista, em que se imagina o nordeste como uma região de pessoas ignorantes e letárgicas, ainda é alimentada em seriados e novelas, que se propõem retratar a realidade nordestina, através de interpretações grotescas e frustrantes. Não só possuem personagens esquisitos, como os apresentam com um ritmo totalmente aquém da escala de segundos e minutos.
Não nos deixemos ridicularizar por um espaço midiático, inoportuno e aproveitador, em que o aspecto financeiro prevalece sobre uma honrosa e respeitável cultura como a “nossa”.
Nosso maior diferencial é a alegria e a forma de lidar com as atribulações. Transformamos dor em festa, sem nunca perder a sensatez e o equilíbrio, e assim buscamos fazer nossas atividades com leveza e descontração.
Infelizmente, muitos dos nossos irmãos, tios e pais vão para o sul do país em busca de oportunidades de trabalho, e são avacalhados a cada momento por serem nordestinos. Não temos um cotidiano enfadonho, nem somos mecânicos; se ter tais atributos é ser trabalhador, morreremos “preguiçosos”.
Confundem muito, por aí, a malemolência, a ginga e ao swing baiano, com certa “lerdolelência”, que não traduz nossa realidade. É um tal de m-e-u r-e-i, m-e-u n-e-g-o, com uma pronúncia que dura quase uma semana, dividindo não as sílabas, mas balbuciando letra por letra, como uma espécie de retardo mental, autismo ou coisa do tipo.
Baiano “rala” muito e de várias maneiras. Trabalhamos arduamente e mesmo assim não deixamos de curtir nossas animadas festividades. Não precisamos viajar tão longe, gastarmos horrores em dinheiro, passarmos horas e horas nos aeroportos, para nos divertirmos, nem tão pouco passarmos o carnaval encurralado em cordas, protegidos por um escudo humano de “cordeiros de Deus”; ou então, ficarmos aportados em camarotes, com não sei quantos metros de altura, custando até o olho cego das costas, e tendo que beliscar petiscos a festa toda, porque é coisa de gente chique.
O povo que faz essa cansativa trajetória faz em busca de uma esnobe e fétida distinção, mas no final das contas, evidenciam a rendição ao charme e aos encantos dos “preguiçosos” mais trabalhadores que o sul nunca terá. Desta forma, com a busca excessiva de superioridade, esse povo perde o ponto mais alto do carnaval baiano, que é o calor humano, o contato com pessoas nunca vistas antes, a paquera, o beijo solicitado, a amizade de carnaval, o acompanhamento de coreografias ritmadas, que só nós sabemos e sentimos o quanto é bom viver nesta terra mística, arretada e que transpira cultura.
Somos tão diversificados, que conseguimos ao mesmo tempo ter um emprego fixo, um biscate no final de semana e ainda vender alguma coisinha pra garantir um trocado pro reggae. Há quem diga que só tem um trabalho; há quem estude muito e construa uma próspera carreira acadêmica; há quem não trabalhe também, porque não? Há quem cate latinha, há quem cante, toque e dance pra se manter, sendo isso, prova viva de que até curtindo estamos trabalhando!
Não há como duvidar, que a preguiça caimizada, vinicisada e jorgeamadizada de se balançar na rede e comer acarajé, passando a tarde toda em Itapuã, é algo de gente que realmente não tem o que fazer. E pra esse tipo de gente, aqui na Bahia, estamos fazendo uma investigação apurada, com um prêmio de vários abadás, pra quem conseguir encontrar, porque é difícil!
Ralamos tanto que existem até os que “ralam o pinto” (canção que está entre os primeiros pagodes baianos do final da década de 80 e início de 90), os que ralam na boquinha da garrafa, os que ralam a tcheca no chão, o que comprova, que mesmo não trabalhando em terra de origem, turistas ao chegarem à Bahia, também ralam: rala carioca, paulista, espanhola e também a tcheca, que de tanto ralar ficou solta, ao ponto de só conseguir descer até o chão, “com a mão no tabaco”.
Realmente incomodamos por viver da melhor forma possível, até o ponto de nos momentos de grandes emoções festivas, no limiar de uma quebradeira, ouve-se o jargão: “a casa vai cair, a casa vai cair...”.
As más concepções sempre existirão, e a melhor forma de encará-las, é lembrando aos recalcados que Maria Bethânia é baiana, Gilberto Gil é baiano, Nizan Guanaes é baiano, João Gilberto é baiano, Chica Xavier é baiana, Dias Gomes, Jorge Amado e Milton Santos serão eternamente baianos!
Ah! Só a nível de lembrança, o BRASIL foi “encontrado” a partir da Bahia, as primeiras perspectivas de Brasil partiram da Bahia, os primeiros projetos para o território brasileiro tiveram a Bahia como referencial e os primeiros trabalhos desenvolvidos nesse país começaram na BAHIA.
Historicamente somos um povo que muito lutou e ainda luta para viver, conviver e sobreviver, em meio a tantas dificuldades.
Nossos antepassados foram tirados de seus lares e de suas práticas, sem nem terem a opinião solicitada. Foram obrigados a trabalhar de forma escrava, não sendo nem considerados como gente. Com um fardo tão pesado, não precisavam praticar exercícios físicos para a definição muscular ou ter uma pessoa que os acompanhasse para a manutenção dos corpinhos sarados; já puxavam ferro suficiente para manter a boa forma, além de ter um feitor à escolta para sempre lembrá-los, violentamente, da condição subumana a que eram submetidos.
A idéia sulista, em que se imagina o nordeste como uma região de pessoas ignorantes e letárgicas, ainda é alimentada em seriados e novelas, que se propõem retratar a realidade nordestina, através de interpretações grotescas e frustrantes. Não só possuem personagens esquisitos, como os apresentam com um ritmo totalmente aquém da escala de segundos e minutos.
Não nos deixemos ridicularizar por um espaço midiático, inoportuno e aproveitador, em que o aspecto financeiro prevalece sobre uma honrosa e respeitável cultura como a “nossa”.
Nosso maior diferencial é a alegria e a forma de lidar com as atribulações. Transformamos dor em festa, sem nunca perder a sensatez e o equilíbrio, e assim buscamos fazer nossas atividades com leveza e descontração.
Infelizmente, muitos dos nossos irmãos, tios e pais vão para o sul do país em busca de oportunidades de trabalho, e são avacalhados a cada momento por serem nordestinos. Não temos um cotidiano enfadonho, nem somos mecânicos; se ter tais atributos é ser trabalhador, morreremos “preguiçosos”.
Confundem muito, por aí, a malemolência, a ginga e ao swing baiano, com certa “lerdolelência”, que não traduz nossa realidade. É um tal de m-e-u r-e-i, m-e-u n-e-g-o, com uma pronúncia que dura quase uma semana, dividindo não as sílabas, mas balbuciando letra por letra, como uma espécie de retardo mental, autismo ou coisa do tipo.
Baiano “rala” muito e de várias maneiras. Trabalhamos arduamente e mesmo assim não deixamos de curtir nossas animadas festividades. Não precisamos viajar tão longe, gastarmos horrores em dinheiro, passarmos horas e horas nos aeroportos, para nos divertirmos, nem tão pouco passarmos o carnaval encurralado em cordas, protegidos por um escudo humano de “cordeiros de Deus”; ou então, ficarmos aportados em camarotes, com não sei quantos metros de altura, custando até o olho cego das costas, e tendo que beliscar petiscos a festa toda, porque é coisa de gente chique.
O povo que faz essa cansativa trajetória faz em busca de uma esnobe e fétida distinção, mas no final das contas, evidenciam a rendição ao charme e aos encantos dos “preguiçosos” mais trabalhadores que o sul nunca terá. Desta forma, com a busca excessiva de superioridade, esse povo perde o ponto mais alto do carnaval baiano, que é o calor humano, o contato com pessoas nunca vistas antes, a paquera, o beijo solicitado, a amizade de carnaval, o acompanhamento de coreografias ritmadas, que só nós sabemos e sentimos o quanto é bom viver nesta terra mística, arretada e que transpira cultura.
Somos tão diversificados, que conseguimos ao mesmo tempo ter um emprego fixo, um biscate no final de semana e ainda vender alguma coisinha pra garantir um trocado pro reggae. Há quem diga que só tem um trabalho; há quem estude muito e construa uma próspera carreira acadêmica; há quem não trabalhe também, porque não? Há quem cate latinha, há quem cante, toque e dance pra se manter, sendo isso, prova viva de que até curtindo estamos trabalhando!
Não há como duvidar, que a preguiça caimizada, vinicisada e jorgeamadizada de se balançar na rede e comer acarajé, passando a tarde toda em Itapuã, é algo de gente que realmente não tem o que fazer. E pra esse tipo de gente, aqui na Bahia, estamos fazendo uma investigação apurada, com um prêmio de vários abadás, pra quem conseguir encontrar, porque é difícil!
Ralamos tanto que existem até os que “ralam o pinto” (canção que está entre os primeiros pagodes baianos do final da década de 80 e início de 90), os que ralam na boquinha da garrafa, os que ralam a tcheca no chão, o que comprova, que mesmo não trabalhando em terra de origem, turistas ao chegarem à Bahia, também ralam: rala carioca, paulista, espanhola e também a tcheca, que de tanto ralar ficou solta, ao ponto de só conseguir descer até o chão, “com a mão no tabaco”.
Realmente incomodamos por viver da melhor forma possível, até o ponto de nos momentos de grandes emoções festivas, no limiar de uma quebradeira, ouve-se o jargão: “a casa vai cair, a casa vai cair...”.
As más concepções sempre existirão, e a melhor forma de encará-las, é lembrando aos recalcados que Maria Bethânia é baiana, Gilberto Gil é baiano, Nizan Guanaes é baiano, João Gilberto é baiano, Chica Xavier é baiana, Dias Gomes, Jorge Amado e Milton Santos serão eternamente baianos!
Ah! Só a nível de lembrança, o BRASIL foi “encontrado” a partir da Bahia, as primeiras perspectivas de Brasil partiram da Bahia, os primeiros projetos para o território brasileiro tiveram a Bahia como referencial e os primeiros trabalhos desenvolvidos nesse país começaram na BAHIA.
Jucimar dos Santos
Graduando em História pela Universidade Federal da Bahia e militante-artístico.
Graduando em História pela Universidade Federal da Bahia e militante-artístico.
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